sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O encontro/relação

            Podemos estar andando por uma rua e cumprimentar uma pessoa que passa. Essa mesma pessoa retribui nossa atitude cumprimentando de volta. Noutro dia, tornamos a passar pela mesma pessoa e nos cumprimentamos novamente. Os dias se sucedem, os encontros passam a ser uma constante, assim como os cumprimentos também. Até que um dia, nos encontramos como de costume, só que agora, conseguimos iniciar um diálogo. Naquele momento, passamos há conhecer um pouco sobre aquela pessoa e ela ao nosso respeito; deixamos de sermos pessoas desconhecidas para construirmos, a partir do encontro, uma relação.
            Nós, seres humanos, somos potencialmente seres de relações. Estabelecemos relações com pessoas, objetos, situações, bichos, com o mundo de maneira geral. Basta olharmos à nossa volta para constatamos tal atitude. Aliás, atitude que nos diferencia dos outros animais, pois construímos uma maneira particular dentro de uma determinada relação. Construção que muitas vezes desvela e revela nossa maneira de estar no mundo; o como estamos estabelecendo nossas relações.
            A psicologia existencial reconhecendo a capacidade de todo ser humano para estabelecer relações, propõe no encontro/relação entre terapeuta e o cliente um meio para que o cliente possa ampliar sua consciência ao próprio respeito. O terapeuta participa junto com o cliente da sua vivência; uma maneira dele compreender como o cliente compreende o mundo para, em seguida, espelhar ou refletir suas intenções nessa relação. Entendemos que o cliente percebendo-se através do terapeuta, cria condições para que ele o próprio possa fazer sua interpretação, pois, mesmo vivenciando sua problemática, ele é o melhor intérprete de si mesmo. Cabe ao terapeuta, a co-participação junto com o cliente nessa construção; uma espécie de companheiro existencial que visa o favorecimento da livre expressão do cliente; o cliente se sentindo acolhido pelo terapeuta consegue expressar sua intenção no mundo; ele pode ser quem ele quer ser naquele momento. À medida que ele entra em contato mais livremente consigo, consegue perceber melhor suas intenções no mundo. Sendo então o próprio cliente quem percebe seu modo de ser, ele estará integrando sua vivência com ele mesmo; ele passa a reconhecer o projeto que escolhe para si mesmo, ou seja, a percepção que ele tem ao próprio respeito acaba determinando sua forma de atuação. Por exemplo, se o cliente se sente inferior a outrem, então, ele mesmo limita suas aspirações; procura evitar a confirmação duma imagem que criou dele mesmo, qual seja, de ser incompetente, pois tal confirmação afirmaria a idéia estabelecida ao próprio respeito. O medo de ser torna-se expressão da própria existência.
             O objetivo principal da psicologia existencial no encontro/relação com o cliente é fomentar autonomia de compreensão do cliente; favorecer uma autoconsciência do próprio cliente para que ele possa compreender os motivos que levam a atuar de tal maneira; o como está atuando torna-se mais importante do que explicações racionais. Estas acabam por afastar o cliente da sua própria vivência, uma vez que tais explicações acabam enfatizando uma postura intelectual e que muitas vezes impede o cliente no contato com seus sentimentos. Sentimentos que pelo escopo dessa psicologia representam melhor o encontro/relação da pessoa com o mundo, pois primeiramente sentimos e só depois é que buscamos uma explicação para o que vivenciamos.
            Portanto, o encontro/relação é fundamental dentro do acompanhamento ao cliente nessa psicologia. Acreditamos que se não nos aproximarmos do cliente como pessoas que também somos não poderemos auxiliá-lo no seu crescimento; o cliente pode não se sentir a vontade para expressar-se; pode se sentir julgado ou avaliado pelo terapeuta. O que pode fazer com que o cliente tome uma posição defensiva; ele deixaria de perceber a si mesmo e a responsabilidade pela própria mudança. Na realidade, desejamos estabelecer uma relação com o cliente; um encontro para que ele possa aprender sobre si mesmo. E para aprender sobre si mesmo devemos nos relacionar, aproximar e não somente fazer cumprimentos pelas ruas da vida.

           
           
           
           
           
           
           
           
           

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O aqui e agora

         Em certos momentos da nossa existência, podemos trazer à lembrança de algumas situações vivenciadas num passado. Situações que de forma concreta não existem mais. Mesmo assim, elas fazem parte da nossa história de vida; servem de registro das nossas vivências, como se fosse uma espécie de um álbum vivencial e, que em alguns casos, dependendo das vivências registradas, podem paralisar nosso caminhar pela vida. Como se aceitássemos nosso álbum como pronto e acabado. Não há mais nada para registrar, pois o medo pelo fracasso parece maior do que o desejo de produzir novas experiências. Um sentimento de incapacidade pode nos acometer e passamos então, a acreditar que os resultados passados determinarão os resultados futuros. Assim, escolhemos fechar o nosso álbum e guardá-lo.
            Noutra situação, vamos mentalmente ao futuro. Projetamos nossos ideais; fazemos planos de como gostaríamos de estar daqui a algum tempo. Pensamentos nesse aspecto podem surgir, como por exemplo: quando alcançar minha meta no futuro, aí sim, serei de fato feliz. Podemos aguardar tal situação acontecer num futuro longínquo, sem ter que necessariamente fazer alguma coisa no momento presente, pois, estabelecemos como idéia que a busca pela tal felicidade está num lá adiante. Portanto, desse modo, vivenciamos um futuro projetado, mas não nos colocamos como agentes produtores no presente para que esse projeto tenha possibilidade de realização. Como se ficássemos num compasso de espera pelo futuro idealizado para só depois desfrutar os louros da vitória. Poderíamos dizer que escolhemos ficar num momento que ainda não é para abdicar do momento em que sempre estamos, qual seja, o presente.
            Situações como mencionadas anteriormente podem acontecer em qualquer fase da vida de uma pessoa. Talvez, nós conhecemos algumas pessoas que já passaram por situações parecidas ou até mesmo pessoas que estão atravessando pelas mesmas. A questão é que tais situações remetem ao fator tempo. Tempo que é inerente a todo ser humano. Passado, presente e futuro são presenças constantes na nossa existência. Lembrar-nos de situações passadas e podemos sentir alegria ou tristeza. Também reunimos condições de projetar nosso futuro, como gostaríamos de estar daqui a algum tempo e, claro, procuramos imaginar o melhor para nós.
E quanto ao momento presente? Será que estamos cônscios da sua vivência? Se por um breve instante pararmos para perceber, poderemos nos dar conta que sempre estamos no momento presente. Quando lembramos duma situação vivida no passado, estamos lembrando com a nossa presença no aqui e agora. Quando projetamos nosso futuro, projetamos também com nossa presença no aqui e agora. Estamos sempre presentes!
Partindo do pressuposto que estamos sempre no momento presente, que a psicologia existencial procura desenvolver seu trabalho junto ao cliente. Nossa proposta é fazer com que o cliente vivencie as situações trazidas do passado ou projetadas visando um futuro para o aqui e agora. Sendo que essa vivência é transformada pelo próprio cliente em sentimento. Acreditamos que a possibilidade do cliente entrar em contato com o sentimento vivenciado no aqui e agora poderá fazer com que ele tenha uma melhor compreensão ao próprio respeito. Compreensão não dos porquês de tais comportamentos, mas sim, dos motivos que levam o cliente a ter certas atitudes. Entendemos que explicações racionais não propiciam transformação. Uma vez que tal posicionamento intelectual distancia o cliente da sua própria vivência, faz com que ele não se identifique com sua experiência. Que para a psicologia existencial ocorre num primeiro momento por intermédio do sentimento. Pelo sentimento que inicialmente estabelecemos nossos encontros, só depois é que colocamos nossa posição racional a respeito.
Na psicologia existencial, o cliente tem a possibilidade de expressar seu sentimento em relação à vivência que ele escolhe trazer, seja do passado ou mesmo dum futuro. Como nas situações exemplificadas inicialmente: procuraremos compreender os motivos do cliente pelo abandono na construção do seu álbum vivencial e não na busca de causas pela sua interrupção. Na ida ao futuro, queremos compreender os motivos que levariam ao cliente vivenciar apenas o futuro e, não em buscar causas para explicá-las, pois, cabe ao próprio cliente desenvolver sua própria interpretação. Afinal de contas, a vivência pertence ao cliente. Ao terapeuta, cabe compreender como o cliente compreende seu mundo para auxiliá-lo. Para que o cliente possa se perceber por intermédio do terapeuta e, então, ampliar sua consciência acerca do próprio comportamento. Quando ele, cliente assume a responsabilidade pela própria vivência e compreende junto com o terapeuta seus próprios motivos, ele estará mais cônscio da sua presença no aqui e agora e assim, criar condições no momento presente para fazer uma autotransformação.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A Psicologia Existencial em Teresópolis

        A cidade serrana de Teresópolis no Estado do Rio de Janeiro tem mais uma nova opção de atendimento psicológico. Trara-se da Psicologia Existencial. Esta, voltada para a pessoa enquanto totalidade concreta; que visa o encontro entre terapeuta e cliente de maneira autêntica e que promove o autoconhecimento como recurso para o desenvolvimento pessoal.
       A Psicologia Existencial mesmo há bastante tempo em nossa sociedade e tendo alcançado grande êxito com pessoas que fizeram uso desta abordagem, ainda é desconhecida para algumas pessoas. Você seria uma dessas pessoas? Gostaria de conhecê-la? Então, vamos conhecer um pouco acerca dessa psicologia.

O que é a Psicologia Existencial?

       É a psicologia que visa à existência concreta do ser humano com todas as suas vicissitudes, ou seja, o ser humano com suas esperanças, temores, projetos, ansiedades, medos e dúvidas. Que tem como objetivo principal o trabalho junto com o cliente no aqui e agora. Uma vez que, nessa psicologia, compreendemos que todo o ser humano tem a possibilidade para o crescimento, mas que o mesmo só poderá ocorrer, de fato, pela ação no momento presente, pois somente através dum ato responsável, que todo ser humano pode efetivamente produzir uma autotransformação. E se observarmos com atenção, toda ação concreta só ocorre no momento presente, no aqui e agora.
       Relacionada diretamente com a filosofia existencial. Esta oferece alguns dos seus conceitos para fundamentar essa abordagem. Responsabilidade, liberdade e ação são exemplos de alguns conceitos utilizados, dentre outros aqui não mencionados. Devemos citar também a importante contribuição da psicologia humanista. Psicologia que reconhece no ser humano seu valor; sua capacidade para o crescimento e que o mesmo só pode acontecer a partir do encontro/relação com o outro. Assim, existencialismo e humanismo tornam-se complementares para auxiliar no arcabouço teórico da psicologia existencial.


Benefícios que uma pessoa pode obter escolhendo essa abordagem

         Num primeiro momento, acreditamos que num encontro/relação mais próximo do terapeuta com o cliente. Uma vez que, na psicologia existencial, o terapeuta participa junto com o cliente no seu desenvolvimento pessoal; entra no mundo do cliente para então auxiliá-lo a ter uma melhor compreensão ao seu próprio respeito.
         O cliente não é visto como um objeto de estudo ou doença, mas como uma pessoa que reúne condições para transformação da própria existência, já que nessa abordagem, visamos à capacidade de ação dessa mesma pessoa como agente modificador. Entendemos que o foco na doença desfocaria tal capacidade humana.
         A responsabilidade que o cliente possui diante da própria vida. Que suas escolhas são de sua inteira responsabilidade e não do que por ventura fizeram dele, pois cabe a ele mesmo reescrever sua própria história pessoal.
          Que o cliente é  uma liberdade da qual não pode escapar. Visto que, ele, possui autonomia para escolher a todo momento da sua vida; que o risco faz parte da sua existência e que não existem garantias; que ele é o artista da sua própria obra de arte e que a qualquer momento de sua escolha pode recomeçar uma nova obra. Afinal de contas, acreditamos que todo o ser humano não é uma coisa acabada, finalizada, mas que está voltado para uma contínua transformação; um projeto com diversas possibilidades existenciais.
           Citamos aqui, alguns aspectos que o cliente pode se beneficiar na escolha da Psicologia Existencial. Entretanto, gostaríamos de enfatizar que os resultados obtidos só poderão ocorrer mediante um encontro genuíno entre duas pessoas, dois seres humanos que juntos buscam um crescimento dentro de uma relação.